terça-feira, 20 de setembro de 2016

Ensinos

Ontem, na fila de uma caixa, num supermercado de bricolage, seguiam na minha frente duas jovens mulheres em conversa muito animada e, assim de repente, ouvi uma delas dizer para a outra: “Se este ano for dar aulas, vais ver se fumo ou não fumo! Creio que se referia a fumar no recinto da escola. Não acredito que estivesse a insinuar que iria fumar numa aula em frente dos alunos!... Mas, pronto, cada um fuma onde quer desde que possa. A mim só me incomoda quando estou a comer mas, como felizmente ou infelizmente já não frequento restaurantes… tudo bem. Ah, a propósito de fumo em restaurantes tenho uma engraçada para contar: Levei uma vez a trabalhar comigo um rapazão aqui da zona e chegada a hora do almoço, entrámos num restaurante que existe ali perto do Palácio da Justiça em frente ao parque Eduardo Sétimo. Sentámo-nos e, quando iniciávamos a refeição, começou a sentir-se um cheirinho que não tinha nada a ver com a comida que tínhamos escolhido e que vinha de uma mesa perto onde um indivíduo tinha acabado de acender o seu cigarro, depois de encher a pança e beber uma amarelinha! Em voz baixa, disse ao meu amigo: Já não me está a saber a nada a comida! Oh sr Jorge, disse o rapaz, quer que eu parta já o focinho àquele gajo? Eh calma, disse, nada disso. Felizmente o fumador saiu e ficámos melhor. Mas voltando às ditas educadoras do bricolage, que foi o que me levou a escrever estas linhas, passou-se o seguinte: Quando a culta professora se aproximou da caixa para pagar, o saco que trazia a tiracolo tocou num expositor que havia junto e fez cair um objeto que depois vi tratar-se de um isqueiro de cozinha. Ela, certamente por ser muito contra regras de civismo estabelecidas, deu um pontapé no isqueiro como quem varre o lixo para debaixo do tapete. Apeteceu-me dar-lhe um murro no focinho como diria o outro mas, pelos vistos, fiz melhor ainda: apanhei o isqueiro e recoloquei-o no devido lugar. Olhou-me cá com uma cara!!! 

sábado, 10 de setembro de 2016

Jesus na feira

Nesta imagem do filme "Um menino chamado Jesus", José aproxima-se de um vendedor de pombas que tanto tinham maravilhado Jesus e decide comprar uma para, segundo ele, oferecê-la em sacrifício ao Senhor.
Jesus, muito admirado disse: "Mas Ele não quer pombas mortas, quer que estejam vivas e a voar!" José ficou muito sério e desistiu da compra e da ideia do sacrifício, pedindo desculpas ao homenzinho da feira e que, se fosse preciso, pagaria na mesma sem levar a pomba. "Não, não, disse o comerciante, mas leve esse miudo daqui pra fora já, antes que me acabe com o negócio!"

sábado, 3 de setembro de 2016

Focos de fogos

Todos os anos temos esse espetáculo dos incêndios e todos os anos ouvimos falar de suspeitos. Com a chegada do outono, depois do inverno e da primavera, cai uma cortina de esquecimento sobre tudo o que aconteceu. Esquecem-se os suspeitos que são dados como loucos, esquecem-se os dramas daqueles que morreram ou ficaram sem haveres e fica a sensação de que os loucos são aqueles que acham isto tudo muito estranho.
Certo dia, num restaurante perto de Sintra, sentei-me numa daquelas mesas compridas onde estavam a almoçar alguns camionistas espanhóis e portugueses e um destes contava que lá na terra dele, a corporação de bombeiros costumava remunerar todo aquele que fosse o primeiro a detetar um incêndio. Acontecia então que o primeiro era sempre o mesmo e isso levantou suspeitas. Após averiguações veio a saber-se que esse bombeiro tinha um irmão que depois de iniciar um foco de incêndio, avisava logo o outro para que corresse para o quartel e reclamasse o prémio! Acredito que haja alguns indivíduos esquizofrénicos e outros que atuem por interesses mas também acredito que muitos incêndios podem ser consequência de descuro ou até inocência.

Muitos jovens acampam durante os meses de verão, fazem fogueiras para cozinhar qualquer coisa e, quando abandonam o local ignoram que debaixo do monte de cinzas que foi uma fogueira, existe o inferno escondido! Durante a noite a brisa vai aumentando e torna-se vento e este transforma-se em abano enorme que ateia e eleva chamas depois de levar as cinzas! Há que ter atenção a estes campistas, cuja inocência devia obrigar a que nunca fossem deixados sem a presença de um ou mais adultos responsáveis!

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Ler Brandão

“Pela portinhola do comboio vou seguindo a PAIZAGEM de figueiras e de vinhas que desfila. De um lado o CÉO dourado e violeta, do outro todo roxo. Os nomes das estações TEEM um sabor a FRUCTO maduro e exótico – Almancil-Nexe, Diogal,  Marchil… de quando em quando fixo um pormenor: uma mulher passa na estrada branca, entre oliveiras pulverulentas e PHANTASMAS esbranquiçados de árvores, sentada no burrico, de guarda-sol aberto, e dando de mamar ao filho. Terras de barro vermelho. Grupos de figueiras anainhas estendem os braços pelo chão até ao mar, deixando CAHIR na água os ramos vergados de FRUCTO, que só amadurece com as branduras. Uma ou outra casinha reluzindo de caiada: ao lado, e sempre, a nora de alcatruzes e um burrinho a movê-la entre as leves amendoeiras em fila, as oliveiras d´um verde mais escuro e a alfarrobeira carregada de vagens negras pendentes. A MEZA de Deus está posta. Estradas orladas de CACTOS IMMOVEIS como bronze, e a deslumbrante Fuseta, com o seu zimbório entre árvores esguias. Ao longe, e sempre, acompanha-me o mar, que mistura o seu hálito a esta luz vivíssima.

(do livro “Os Pescadores” de Raul Brandão)

Nota: em maiúsculas, as palavras como se escreviam nos séculos 19 e 20.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Partilhar ou não

Muitas vezes no Facebook pedem-me que partilhe isto ou aquilo mas eu só sou de partilhar quando partilho, não me levem a mal, cada um é como é! Aliás, sigo um pouco aquilo que um grande poeta disse uma vez conforme excerto de seu poema junto:

"Vem por aqui - dizem alguns com olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que os ouvisse
Quando me dizem: "Vem por aqui"
Eu olho-os com olhos lassos
(há nos olhos meus , ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali..."
(de José Régio - Cântigo negro)

sábado, 21 de maio de 2016

Feira das flores

Neste lugar (Largo da Câmara), decorria noutros tempos, todos os anos, a grande feira de Abril. Do cenário que se vê hoje, só o edifício em primeiro plano à direita e o amarelo de telhado castanho ao fundo, existiam. Um, era o mercado e o outro, era onde um médico tinha o seu consultório e, onde me lembro de ter ido uma vez, para me ser passada a “papeleta” em que era indicado aos responsáveis, atendendo às minhas condições de saúde, se devia passar férias na praia ou no mato. Todo o espaço restante, era uma extensa área de terra que, na altura da feira, ficava apinhada de barracas de comes e bebes, de quinquilharias e das habituais diversões como o carrocel, o poço da morte e o comboio fantasma. Lembro-me que numa certa feira, num certo dia, fixei o olhar numa linda e bela menina que por lá andava, acompanhada por duas senhoras de mais idade. Ela teria uns treze anos. Eu, talvez catorze. Apaixonei-me. Segui-a com o olhar durante bastante tempo, até que a perdi de vista. Voltei à feira todos os dias enquanto durou mas nunca mais a vi. Como todos os dias pensava nela, imaginei um nome. Ela seria “Dido” e Dido era a bela a quem dedicava poemas que já não sei onde param e que nem eram poemas. Ao fim de 3, 4 anos, finalmente, voltei a encontrá-la numa localidade próxima, onde por acaso me tinha deslocado para ver passar os ciclistas. Já o fogo se tinha extinto, já o coração saltava noutras fogueiras…Só recordei agora porque Dido era uma flor e o Entroncamento está a celebrar a sua festa das flores!

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Uma aldeia francesa

Esta série que a RTP2 está a apresentar diariamente às 22,10 é, no meu entender, um belo contributo para que as atuais e futuras gerações, jamais esqueçam o que foi a Europa no passado século. O perigo do esquecimento existe, atendendo aos últimos sinais vindos de dentro da própria Europa e ao tabuleiro do Médio Oriente onde russos e americanos decidem quando as mortes devem parar e recomeçar! Os acontecimentos começam a desenrolar-se numa velha escola de uma aldeia francesa onde os alemães mandam aprisionar todos os judeus que vão capturando, retirando-lhes os filhos que enviam para perto de Paris e tudo com a ajuda de alguns traidores franceses policiais. Relevante no contexto desta série, é a ação do presidente do município, pelo humanismo que demonstra para com os judeus apesar de o facto de se ter apaixonado por uma judia, poder muito ter contribuído para isso. Recomendo sinceramente a RTP2 pois este canal ainda não foi “ocupado” pelas forças da mediocridade que grassam nos outros canais!

domingo, 1 de maio de 2016

Joaninha voa voa

Têm visto por aí a “Joaninha”? Eu, que ando muito pelos campos, já há muito tempo que as não vejo! Ter-se-ão tornado burguesas citadinas? Tenho que ver se pergunto à multinacional estadunidense “Monsanto” o que se passa com esse lindo inseto que dava conta de todas as pragas da nossa agricultura, tornando desnecessário a bomba atómica Roundup e que ainda nos fazia recados mandando beijos aos nossos amores que estavam em Lisboa.



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Outra educação?

Tenho visto da parte de alguns que se julgam desportistas, manifestações de uma falta de humanismo que impressiona! Falta de humanismo, porquê? Porque os que têm o bi querem o tri, os que têm o penta, querem o hexa e ninguém pensa naquela criança que todos os fins-de-semana, com a sua bandeirinha e cascol corre para o estádio desejosa de ver o seu clube ganhar e vê-lo um dia ser campeão.Ee passam 10, 14 e até mais anos sem que consiga ter esse prazer! Uma criatura que chega à idade adulta, transportando dentro de si uma criança cheia de sonhos mortos! Para esses, os sem humanismo, o seu clube tem sempre razão, o outro é que está errado; se o árbitro beneficia os seus, fica calado, se prejudica, bem, até se traz para a mesa do protesto um pratinho de cebolada!
Ele há gente que só vê
Do lado que dá mais jeito
Sua cabeça é no pé
E o torto é que é direito!

Não sou nenhum santinho mas recordo que, certa vez, no antigo estádio de Alvalade, no final de um Sporting-Porto que o meu clube venceu, fiquei aborrecido porque a meu lado, todo equipado à Porto, cascol e bandeira, um menino de cinco anos, de cabeça baixa, chorava! Desejei que o meu Sporting não tivesse ganho! Recordo também um jogo, no antigo estádio da Luz, em que o Benfica ganhou ao Sporting, sagrando-se campeão e a claque leonina desceu ao relvado e confraternizou com a claque benfiquista! Outros tempos!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

O olival

O que eu vejo quando olho a imagem deste pequeno bairro familiar, não são as palmeiras nem o abacateiro, nem a casa branca e as amareladas. O que vejo é um olival que, aos olhos de uma criança, parecia extenso como o mar. Onde está a casa branca havia um tanque (a nossa piscina) e entre a palmeira maior e a casa branca, um poço que fornecia a água para o tanque e este, para a regadia. A princípio, a água era tirada do poço por um burrinho atrelado a uma nora de negros alcatruzes. Depois de reformado, por velhice, o animal foi substituído pelo motor a petróleo. Havia em quase toda a extensão do olival, inúmeras courelas com produtos a cuidar, como batatas, feijão- verde, cenouras, nabiças, etc. e a água chegava-lhes através de um circuito de regos que se abriam e fechavam à entrada de cada uma. Melões, melancias, abóboras, figos, laranjas, romãs, nêsperas, pêssegos, amêndoas e uvas, tudo ali havia no tempo certo. De todas as lidas, ao longo do ano, era o tempo da azeitona, o que despertava mais interesse nos mais pequenos. Limpar a azeitona, atirando-a ao ar com auxílio de uma pá e metê-la em sacos de serapilheira; depois, a chegada da carroça, ao fim do dia, para levar os sacos e a viagem que fazíamos, aos solavancos, pela estrada de terra muito esburacada, até ao lagar. É tudo isso que eu vejo e não o que todos veem agora quando passam. Eles, como aqueles passageiros do elétrico que circula numa rua da baixa de Lisboa, onde não veem as termas romanas que estão por baixo, apenas “veem o que veem” !    

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Pena à toa


  • Nos dias em que chove pouco, uma coisita de nada assim como borrifos, é como se alguém lá de cima, estivesse a sacudir uma peça de roupa molhada.
  • Quando estamos tristes, sem saber bem porquê, parece que nos falta a parte de dentro!

Um patrão que nos mói
que não larga do pé
é uma espécie de boi
que só marra e não vê!


  • Na Venezuela, o governo caíu de maduro.
  • Em França, uma pen foi ligada ao sistema! A seguir Ollande passou um antivirus chamado Sarkozi que, vendo bem, não passa de uma espécie de cavalo de Tróia!
  • Em Novembro de 2015 mudaram as portas e ouviram-se passos a sair do parlamento português.
Numa aldeia de Trás-os-Montes, é tradição no dia reis pôr as crianças todas a fumar! Olha se a tradição fosse pôr outras coisas na boca, que vergonha ia ser! Mas, as crianças, senhores, porque lhes dais tanta dor?!
Não sendo tradição minha, de vez em quando mato uma mosca e lanço o cadáver no lixo mas depois fico chateado, parece que fico com a mosca! É que elas maçam, mas não fazem mal a uma mosca!