Neste lugar (Largo da Câmara), decorria noutros tempos, todos
os anos, a grande feira de Abril. Do cenário que se vê hoje, só o edifício em
primeiro plano à direita e o amarelo de telhado castanho ao fundo, existiam. Um, era o mercado e o
outro, era onde um médico tinha o seu consultório e, onde me lembro de ter ido uma
vez, para me ser passada a “papeleta” em que era indicado aos responsáveis,
atendendo às minhas condições de saúde, se devia passar férias na praia ou no
mato. Todo o espaço restante, era uma extensa área de terra que, na altura da
feira, ficava apinhada de barracas de comes e bebes, de quinquilharias e das
habituais diversões como o carrocel, o poço da morte e o comboio fantasma.
Lembro-me que numa certa feira, num certo dia, fixei o olhar numa linda e bela
menina que por lá andava, acompanhada por duas senhoras de mais idade. Ela
teria uns treze anos. Eu, talvez catorze. Apaixonei-me. Segui-a com o olhar
durante bastante tempo, até que a perdi de vista. Voltei à feira todos os dias
enquanto durou mas nunca mais a vi. Como todos os dias pensava nela, imaginei
um nome. Ela seria “Dido” e Dido era a bela a quem dedicava poemas que já não sei onde param e que nem eram poemas. Ao fim de
3, 4 anos, finalmente, voltei a encontrá-la numa localidade próxima, onde por acaso me
tinha deslocado para ver passar os ciclistas. Já o fogo se tinha extinto, já o
coração saltava noutras fogueiras…Só recordei agora porque Dido era uma flor e
o Entroncamento está a celebrar a sua festa das flores!