“Pela portinhola do comboio vou seguindo a PAIZAGEM de
figueiras e de vinhas que desfila. De um lado o CÉO dourado e violeta, do outro
todo roxo. Os nomes das estações TEEM um sabor a FRUCTO maduro e exótico –
Almancil-Nexe, Diogal, Marchil… de
quando em quando fixo um pormenor: uma mulher passa na estrada branca, entre
oliveiras pulverulentas e PHANTASMAS esbranquiçados de árvores, sentada no
burrico, de guarda-sol aberto, e dando de mamar ao filho. Terras de barro
vermelho. Grupos de figueiras anainhas estendem os braços pelo chão até ao mar,
deixando CAHIR na água os ramos vergados de FRUCTO, que só amadurece com as
branduras. Uma ou outra casinha reluzindo de caiada: ao lado, e sempre, a nora
de alcatruzes e um burrinho a movê-la entre as leves amendoeiras em fila, as
oliveiras d´um verde mais escuro e a alfarrobeira carregada de vagens negras
pendentes. A MEZA de Deus está posta. Estradas orladas de CACTOS IMMOVEIS como
bronze, e a deslumbrante Fuseta, com o seu zimbório entre árvores esguias. Ao longe,
e sempre, acompanha-me o mar, que mistura o seu hálito a esta luz vivíssima.
(do livro “Os Pescadores” de Raul Brandão)
Nota: em maiúsculas, as palavras como se escreviam nos séculos 19 e 20.
Nota: em maiúsculas, as palavras como se escreviam nos séculos 19 e 20.