terça-feira, 23 de maio de 2017

Os extremos do diabo!

Será este o diabo de que falava Passos Coelho?
Se for, não vai fazer mal a ninguém, tão

insignificante que é. Então, um governo que
foi empossado por um presidente da extrema
direita, por ter legitimidade constitucional,
pode ser considerado de extrema esquerda?
Para já este governo é um governo do PS,
apoiado por uma maioria parlamentar que nem
sequer tem partidos de extrema esquerda mas
sim democráticos. Aliás, partidos que se têm
portado muito bem e oxalá continuem a apoiar
o governo PS. Mesmo o PC que me parece que
deveria mudar de nome e de políticas ainda
agarradas a conceitos demasiado retrógados.

Quanto ao mais, tudo bem!

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Ensinos

Ontem, na fila de uma caixa, num supermercado de bricolage, seguiam na minha frente duas jovens mulheres em conversa muito animada e, assim de repente, ouvi uma delas dizer para a outra: “Se este ano for dar aulas, vais ver se fumo ou não fumo! Creio que se referia a fumar no recinto da escola. Não acredito que estivesse a insinuar que iria fumar numa aula em frente dos alunos!... Mas, pronto, cada um fuma onde quer desde que possa. A mim só me incomoda quando estou a comer mas, como felizmente ou infelizmente já não frequento restaurantes… tudo bem. Ah, a propósito de fumo em restaurantes tenho uma engraçada para contar: Levei uma vez a trabalhar comigo um rapazão aqui da zona e chegada a hora do almoço, entrámos num restaurante que existe ali perto do Palácio da Justiça em frente ao parque Eduardo Sétimo. Sentámo-nos e, quando iniciávamos a refeição, começou a sentir-se um cheirinho que não tinha nada a ver com a comida que tínhamos escolhido e que vinha de uma mesa perto onde um indivíduo tinha acabado de acender o seu cigarro, depois de encher a pança e beber uma amarelinha! Em voz baixa, disse ao meu amigo: Já não me está a saber a nada a comida! Oh sr Jorge, disse o rapaz, quer que eu parta já o focinho àquele gajo? Eh calma, disse, nada disso. Felizmente o fumador saiu e ficámos melhor. Mas voltando às ditas educadoras do bricolage, que foi o que me levou a escrever estas linhas, passou-se o seguinte: Quando a culta professora se aproximou da caixa para pagar, o saco que trazia a tiracolo tocou num expositor que havia junto e fez cair um objeto que depois vi tratar-se de um isqueiro de cozinha. Ela, certamente por ser muito contra regras de civismo estabelecidas, deu um pontapé no isqueiro como quem varre o lixo para debaixo do tapete. Apeteceu-me dar-lhe um murro no focinho como diria o outro mas, pelos vistos, fiz melhor ainda: apanhei o isqueiro e recoloquei-o no devido lugar. Olhou-me cá com uma cara!!! 

sábado, 10 de setembro de 2016

Jesus na feira

Nesta imagem do filme "Um menino chamado Jesus", José aproxima-se de um vendedor de pombas que tanto tinham maravilhado Jesus e decide comprar uma para, segundo ele, oferecê-la em sacrifício ao Senhor.
Jesus, muito admirado disse: "Mas Ele não quer pombas mortas, quer que estejam vivas e a voar!" José ficou muito sério e desistiu da compra e da ideia do sacrifício, pedindo desculpas ao homenzinho da feira e que, se fosse preciso, pagaria na mesma sem levar a pomba. "Não, não, disse o comerciante, mas leve esse miudo daqui pra fora já, antes que me acabe com o negócio!"

sábado, 3 de setembro de 2016

Focos de fogos

Todos os anos temos esse espetáculo dos incêndios e todos os anos ouvimos falar de suspeitos. Com a chegada do outono, depois do inverno e da primavera, cai uma cortina de esquecimento sobre tudo o que aconteceu. Esquecem-se os suspeitos que são dados como loucos, esquecem-se os dramas daqueles que morreram ou ficaram sem haveres e fica a sensação de que os loucos são aqueles que acham isto tudo muito estranho.
Certo dia, num restaurante perto de Sintra, sentei-me numa daquelas mesas compridas onde estavam a almoçar alguns camionistas espanhóis e portugueses e um destes contava que lá na terra dele, a corporação de bombeiros costumava remunerar todo aquele que fosse o primeiro a detetar um incêndio. Acontecia então que o primeiro era sempre o mesmo e isso levantou suspeitas. Após averiguações veio a saber-se que esse bombeiro tinha um irmão que depois de iniciar um foco de incêndio, avisava logo o outro para que corresse para o quartel e reclamasse o prémio! Acredito que haja alguns indivíduos esquizofrénicos e outros que atuem por interesses mas também acredito que muitos incêndios podem ser consequência de descuro ou até inocência.

Muitos jovens acampam durante os meses de verão, fazem fogueiras para cozinhar qualquer coisa e, quando abandonam o local ignoram que debaixo do monte de cinzas que foi uma fogueira, existe o inferno escondido! Durante a noite a brisa vai aumentando e torna-se vento e este transforma-se em abano enorme que ateia e eleva chamas depois de levar as cinzas! Há que ter atenção a estes campistas, cuja inocência devia obrigar a que nunca fossem deixados sem a presença de um ou mais adultos responsáveis!

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Ler Brandão

“Pela portinhola do comboio vou seguindo a PAIZAGEM de figueiras e de vinhas que desfila. De um lado o CÉO dourado e violeta, do outro todo roxo. Os nomes das estações TEEM um sabor a FRUCTO maduro e exótico – Almancil-Nexe, Diogal,  Marchil… de quando em quando fixo um pormenor: uma mulher passa na estrada branca, entre oliveiras pulverulentas e PHANTASMAS esbranquiçados de árvores, sentada no burrico, de guarda-sol aberto, e dando de mamar ao filho. Terras de barro vermelho. Grupos de figueiras anainhas estendem os braços pelo chão até ao mar, deixando CAHIR na água os ramos vergados de FRUCTO, que só amadurece com as branduras. Uma ou outra casinha reluzindo de caiada: ao lado, e sempre, a nora de alcatruzes e um burrinho a movê-la entre as leves amendoeiras em fila, as oliveiras d´um verde mais escuro e a alfarrobeira carregada de vagens negras pendentes. A MEZA de Deus está posta. Estradas orladas de CACTOS IMMOVEIS como bronze, e a deslumbrante Fuseta, com o seu zimbório entre árvores esguias. Ao longe, e sempre, acompanha-me o mar, que mistura o seu hálito a esta luz vivíssima.

(do livro “Os Pescadores” de Raul Brandão)

Nota: em maiúsculas, as palavras como se escreviam nos séculos 19 e 20.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Partilhar ou não

Muitas vezes no Facebook pedem-me que partilhe isto ou aquilo mas eu só sou de partilhar quando partilho, não me levem a mal, cada um é como é! Aliás, sigo um pouco aquilo que um grande poeta disse uma vez conforme excerto de seu poema junto:

"Vem por aqui - dizem alguns com olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que os ouvisse
Quando me dizem: "Vem por aqui"
Eu olho-os com olhos lassos
(há nos olhos meus , ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali..."
(de José Régio - Cântigo negro)