Todos
os anos temos esse espetáculo dos incêndios e todos os anos ouvimos falar de
suspeitos. Com a chegada do outono, depois do inverno e da primavera, cai uma
cortina de esquecimento sobre tudo o que aconteceu. Esquecem-se os suspeitos
que são dados como loucos, esquecem-se os dramas daqueles que morreram ou
ficaram sem haveres e fica a sensação de que os loucos são aqueles que acham isto
tudo muito estranho.
Certo
dia, num restaurante perto de Sintra, sentei-me numa daquelas mesas compridas
onde estavam a almoçar alguns camionistas espanhóis e portugueses e um destes contava que
lá na terra dele, a corporação de bombeiros costumava remunerar todo aquele que
fosse o primeiro a detetar um incêndio. Acontecia então que o primeiro era
sempre o mesmo e isso levantou suspeitas. Após averiguações veio a saber-se que
esse bombeiro tinha um irmão que depois de iniciar um foco de incêndio, avisava
logo o outro para que corresse para o quartel e reclamasse o prémio! Acredito que haja
alguns indivíduos esquizofrénicos e outros que atuem por interesses mas também
acredito que muitos incêndios podem ser consequência de descuro ou até
inocência.
Muitos
jovens acampam durante os meses de verão, fazem fogueiras para cozinhar
qualquer coisa e, quando abandonam o local ignoram que debaixo do monte de
cinzas que foi uma fogueira, existe o inferno escondido! Durante a noite a
brisa vai aumentando e torna-se vento e este transforma-se em abano enorme que ateia e eleva
chamas depois de levar as cinzas! Há que ter atenção a estes campistas, cuja
inocência devia obrigar a que nunca fossem deixados sem a presença de um ou
mais adultos responsáveis!
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